Há um ditado que diz que “quem compra terra não erra”. E, olhando para o mercado imobiliário português, é impossível não reconhecer a força deste ditado popular. Nos últimos quinze anos, quem apostou em imóveis em Lisboa, Porto ou mesmo em zonas periféricas viu o seu património duplicar e até mesmo triplicar de forma impressionante. Estamos diante de um boom imobiliário que, ao contrário do que muitos esperavam, parece estar longe de perder fôlego.
A valorização não acontece por acaso. É resultado de uma combinação de fatores que se reforçam mutuamente: a procura interna que não abranda, o interesse crescente de investidores estrangeiros, a oferta reduzida de novas construções e a atratividade de Portugal como destino para viver, trabalhar ou simplesmente investir. Lisboa, em particular, tornou-se palco de um fenómeno raro: é simultaneamente uma capital europeia com qualidade de vida, clima favorável, estabilidade política e cultural, e ainda assim, quando comparada a outras cidades europeias, continua relativamente acessível.
Os números ajudam a ilustrar a dimensão deste movimento. No final de 2024, o preço médio dos apartamentos na Grande Lisboa situava-se em €2.596 por metro quadrado, segundo dados oficiais. A nível nacional, o preço mediano atingiu os €1.951/m² no primeiro trimestre de 2025, representando um crescimento homólogo de 18,7%. Ou seja: em apenas um ano, o metro quadrado valorizou quase um quinto. Este não é um crescimento conjuntural, mas parte de uma tendência contínua que já dura mais de uma década.
Para perceber melhor a dimensão desta valorização, basta imaginar um caso simples. Um comprador que, em 2010, adquiriu um apartamento de 100 m² em Lisboa por €250.000 (à época, cerca de €2.500/m²). Quinze anos depois, seguindo a valorização média das zonas centrais da cidade, esse mesmo imóvel pode ser avaliado hoje entre €550.000 e €600.000. Em outras palavras, o proprietário mais do que duplicou o seu património apenas por ter tomado a decisão de investir no momento certo — sem falar da renda que poderia ter gerado no caso de arrendamento.
É claro que, como em qualquer mercado, existem riscos: a volatilidade das taxas de juro, a inflação, as oscilações económicas globais. Mas o imobiliário em Portugal tem demonstrado uma resiliência notável, atravessando crises internacionais sem perder a trajetória de valorização a médio e longo prazo.
E aqui está o ponto crucial: ao contrário de outros “booms” que explodem e colapsam, em Portugal tudo indica que a valorização ainda não atingiu o teto. A procura estrangeira continua alta, a construção nova é insuficiente para responder às necessidades, e o país mantém uma imagem internacional extremamente positiva. É difícil imaginar, no curto prazo, um cenário em que os preços sofram uma queda drástica.
Por isso, o ditado popular mantém a sua atualidade. Quem compra terra — ou, neste caso, um bom apartamento em Lisboa, Porto ou zonas de forte valorização — dificilmente erra. Não se trata apenas de ter uma casa, mas de construir um património sólido, que cresce de forma consistente e que pode representar segurança para o futuro.
O boom imobiliário português é um reflexo da transformação do país e, para quem soube apostar, já é também sinónimo de prosperidade