O projeto de interiores da Arena Boa Vista parte de uma abordagem que valoriza a experiência espacial como elemento central. O interior foi concebido como uma extensão simbólica do território: um espaço onde identidade, paisagem e movimento convergem.

A escolha dos tons com destaque para o terracota e uma paleta de terrosos está ancorada em uma leitura afetiva e geográfica do contexto. Eles dialogam com o solo local e o clima quente e ecoam energia, intensidade e vitalidade, qualidades associadas à natureza do esporte e à vibração.

A espacialidade foi pensada para ser fluida, com percursos que revelam diferentes atmosferas conforme a transição entre usos: áreas de convivência, circulação, pontos de observação. Materiais naturais e texturas brutas foram combinados a elementos mais neutros para equilibrar estímulo visual e conforto sensorial.

O projeto incorpora ainda a paisagem como protagonista. A vista que dá nome à arena não foi tratada como um pano de fundo, mas como um elemento ativo do espaço. A abertura visual para o entorno orienta a implantação de certos elementos internos, e a luz natural foi utilizada como recurso compositivo,  realçando superfícies, modulando temperaturas de cor e criando vínculos entre interior e exterior.

Do ponto de vista funcional, o projeto respeita fluxos técnicos e operacionais sem comprometer a linguagem espacial. A ergonomia dos ambientes, a durabilidade dos materiais e o desempenho térmico e acústico foram criteriosamente considerados, sem perder de vista o aspecto simbólico que estrutura a proposta.

Trata-se de um projeto onde design e território se fundem em um gesto de continuidade, que é sensível, estratégico e narrativo. A Arena Boa Vista é, assim, um espaço que abriga, mas também comunica; que organiza, mas também emociona.